Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
É um fabuloso espectáculo observar as árvores de folha caduca nesta altura do ano. As folhas começam a envelhecer e a mudar de cor. Do verde passam aos vários tons de amarelo, vermelho e castanho. Depois, o vento, com o mais leve toque e a mais suave força, embala-as deixando-as a cobrir o chão. A fragilidade dessas folhas de árvore nada pode face à mais ligeira brisa do vento que sopra.
É curioso que o profeta Isaías também use a imagem das folhas que caem para se referir à nossa vida e à fragilidade que a marca. «Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento» (1.ª leitura). De facto, somos breves, somos passageiros neste mundo. A Primavera e o Verão passam num instante e depressa chegamos ao Outono. E, para mais, esta nossa fragilidade é acentuada pelas faltas que temos. Daí o convite insistente do Evangelho: «Vigiai».
Num primeiro momento podemos ver nesta vigia uma espécie de preparação para o momento que, mais tarde ou mais cedo, virá a cada um de nós. Todos temos um fim e devemos estar preparados para ele: «Vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento» (Evangelho). Mas o texto do Evangelho vai mais longe. Ele não pretende alertar-nos apenas para o fim da nossa existência terrena. Ele pretende alertar-nos para o momento em que, sem contarmos, encontramos o dono desta casa que é o nosso ser e que a ela volta, aquecendo-a com a sua presença. Quantas vezes já não o teremos encontrado, à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou de manhãzinha (ver Evangelho) mas, porque desatentos ou a dormir, não o reconhecemos. E ele estava à nossa frente: no rosto de cada um dos nossos irmãos.
Vivendo o Evangelho
Devemos vigiar, vigiar, vigiar. É a recomendação insistente do Evangelho que inicia este novo ano litúrgico. O Senhor vem. Ele quer habitar no nosso ser, na casa que lhe foi destinada desde o nosso baptismo. E normalmente apresenta-se disfarçado. Estejamos atentos, vigiando, para o reconhecer quando Ele nos bater à porta. Sim, porque só Ele tem poder para nos enriquecer em tudo e «nos tornar firmes até ao fim» (ver 2.ª leitura).
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