quarta-feira, 9 de maio de 2012
O possível “ateísmo” dos crentes e a eventual “fé” do ateu
Gostaria de ter presente uma passagem do Concílio Vaticano II (GS 21): “Quanto ao remédio para o ateísmo, ele há-de vir da conveniente exposição da doutrina e da vida íntegra da Igreja e dos seus membros. Pois a Igreja deve tornar presente e como que visível a Deus Pai e a seu Filho encarnado, renovando-se e purificando-se continuamente sob a direcção do Espírito Santo. Isto há-de alcançar-se antes de mais com o testemunho duma fé viva e adulta, educada de modo a poder perceber claramente e superar as dificuldades. Magnifico testemunho desta fé deram e continuam a dar inúmeros mártires. Ela deve manifestar a sua fecundidade, penetrando toda a vida dos fiéis, mesmo a profana, levando-os à justiça e ao amor, sobretudo para com os necessitados. Finalmente, o que contribui mais que tudo para manifestar a presença de Deus é a caridade fraterna dos fiéis que unanimemente colaboram com a fé do Evangelho e se apresentam como sinal de unidade”.
A razão deste texto prende-se com o facto de que, perante a realidade que nos está a ser apresentada dentro da própria Igreja, pela vivência negativa da Igreja e dos seus membros, leva os crentes a uma atitude de afastamento, de descrença, de ateísmo. Quando a doutrina não é vivida na sua plenitude, com tudo o que ela possa verdadeiramente implicar, acreditamos naquilo que Deus nos REVELA. Quando esta mesma Revelação é “adulterada” por membros da própria Igreja expulsando voluntariamente Deus do próprio coração.
Um outro aspecto é o facto de que o ateísmo nasce muitas vezes dum protesto violento contra o mal que existe no mundo, ou de se ter atribuído indevidamente o carácter de absoluto a certos valores humanos que passam a ocupar o lugar de Deus.
A eventual fé dos ateus surgirá da abertura do Espírito a esta mesma presença de Deus, uma abertura plena ao próprio Homem que revela Deus, porque foi criado pelo próprio Deus. O homem é chamado a esta vocação sobrenatural que é profundamente humana. Perante esta mesma realidade o homem-ateu abre-se ao transcendente na busca de Deus que é Amor. Perante a contingência do mundo o homem interroga, busca, pergunta. E neste preciso momento em que o homem procura, procura Deus. Serão os ateus muitas vezes mais crentes do que os próprios crentes?
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