A Salvação, Iniciativa do Deus da Aliança
Para a fé cristã existe no homem uma dupla distância de Deus: a distância que provém do seu ser cultural (é abismal a distância que existe entre o ser finito e o infinito) e a que provém da sua situação de pecado. Ambas as distâncias são salvas pela iniciativa divina, há que crer no homem que tem de superar o abismo existente entre o ser e o nada. A salvação, como a criação, encontra a sua razão de ser no movimento do amor divino que o homem tem. Esta iniciativa divina deve estar presente constantemente em quem considera a doutrina cristã como salvação. Assim o indica o Senhor a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que lhe entregou o Seu Filho Unigénito, para que todos aqueles que crêem n’Ele não pereçam, mas que tenham a vida eterna» (Jo 3, 16). Isto leva-nos a outra consideração: antes que o pecado entrasse no mundo, a intimidade divina foi oferecida aos seres humanos. A graça veio antes do pecado. A dignidade da natureza humana está generalizada desde o princípio por Deus mesmo no acto criador. A iniciativa divina na obra da redenção deve clarificar-se como fidelidade do Pai e a sua paternidade, ao seu Primogénito por amor do homem.
Tanto a criação como a redenção estão enraizadas na bondade e liberdade de Deus e para nós permanecem incompreensíveis e maravilhosas, tal como é maravilhoso o amor de Deus pelo homem. Este amor é descrito na Sagrada Escritura, em grande medida, com o conceito de Aliança. Deus sai ao encontro do homem chamando-o e elegendo-o. Assim se vê paradigmaticamente em Noé (Gn 9, 9-17), em Abraão (Gn 15, 17), e na aliança do Sinai (Ex 19-24). Deus revela-se actuando, salvando, libertando. Trata-se de uma aliança estabelecida por iniciativa divina, que entranha as características próprias de um pacto entre pessoas livres, entre outras, a exigência de fidelidade. Deus é fiel às suas promessas e às suas exigências. O Senhor entende a Sua morte no contexto da Aliança: é nesse contexto, que o seu sangue é uma nova e eterna aliança (Mt 26, 28).
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