Era bem mais fácil, escapar ao incómodo da pergunta, sobre o divórcio, e ficarmo-nos hoje, pela parte mais simpática, do acolhimento devido às crianças. Mas, bem vistas as coisas, também as duas questões são indissociáveis! Quem mais do que as crianças, estará entre as vítimas de um casamento desfeito?! A palavra de Jesus, ao contrário do que parece, não nos autoriza, a uma condenação, pura e simples, de uma separação conjugal. Jesus põe o dedo na ferida, e aponta para a raiz do problema: a dureza do coração. E esta dureza visava sobretudo, à época, o machismo dos maridos, que, segundo algumas interpretações mais permissivas da lei, podiam «despedir» a esposa, bastando, para isso, que esta lhes fizesse qualquer coisa desagradável. Ora o projecto original de Deus não contempla o domínio do marido sobre a mulher, mas visa a beleza do ideal conjugal, pelo qual um e outro cheguem a ser e a viver, como «uma só carne», um só coração, uma só alma. Os dois, marido e mulher, são chamados a partilhar o seu amor, a sua intimidade e a vida inteira, com igual dignidade e em comunhão total. Neste sentido, Deus nunca poderá abençoar uma estrutura que gere a superioridade do homem e a submissão da mulher. Se há alguma submissão, esta é de ambos e para ambos, no amor de Cristo!
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