quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O mistério da dor


No 1.º Capítulo do Génesis, no relato da Criação, lê-se: “No princípio, Deus criou o Céu e a Terra”. Nesse relato, aparece várias vezes como um estribilho: “E Deus viu que era bom" o que tinha criado! Deus que cria do nada, e cria como Lhe é próprio, com sabedoria e por amor. Por isso criou um mundo ordenado, perfeito, que obedece a umas determinadas leis… Depois criou o homem a quem entregou este mundo tão belo, com o fim de o trabalhar e conservar, usufruindo, simultaneamente, de toda a sua beleza, ordem e harmonia! No entanto, sabemos por experiência, que a dor e o sofrimento fazem parte da vida de todo o ser humano. Um tema inexplicável que, por vezes, nos entristece e angustia. De onde vem e para que serve?! Perguntamos: um sofrimento causado muitas vezes pelas nossas más escolhas, que nos ferem a nós próprios ou aos outros… A um nível mais global, a liberdade mal entendida de outras pessoas também nos pode afectar, causar sofrimento… E existem a nível da própria natureza, factores diversos que deterioram o organismo humano, ou os fenómenos e catástrofes naturais que destroem parte do mundo e dos homens, em maiores ou menores dimensões. Os padecimentos e doenças das pessoas sempre foram considerados como grandes dificuldades que atormentam as suas vidas e as próprias consciências. Por tudo isso, não há explicação fácil para o sofrimento, e muito menos para o dos inocentes, porque a dor continua a ser um mistério. Um mistério que apenas o cristão com fé, vai aprendendo a descobrir e a conviver com essa realidade, do melhor modo possível, apesar de muitas vezes se apresentar dolorosamente inexplicável ou incompreensível. A dor apresenta-se de muitas formas e em nenhuma delas é espontaneamente querida por alguém. Mas isto não justifica que nesses momentos nos devamos encher de compaixão por nós mesmos, que não devamos ser fortes e solícitos na procura dos meios com que podemos ultrapas-sá-la; ou que nos deixemos abater por qualquer tipo de sofrimento. Desse modo, não faríamos outra coisa porque, na realidade, existem sempre maiores ou menores contrariedades... Pelo contrário, devemos procurar reagir, e impedir a imaginação de transformar qualquer incomodidade em tragédia, reduzindo os padecimentos às suas verdadeiras dimensões. Mais ainda: devemos procurar “esquecer”as nossas mágoas para pensar nos outros e servi-los, como é próprio da primeira de todas as virtudes cristãs, a Caridade.

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